Hoje, celebramos, com toda a Igreja, a festa da Transfiguração do Senhor, que é a manifestação gloriosa de Jesus aos apóstolos Pedro, Tiago e João no Monte Tabor. Este local está situado a 840m de altitude do nível do mar, na região da Galileia. Um dos lugares mais lindos existentes no mundo. Ali viveram – os apóstolos – a experiência da Ressurreição de Cristo.
Os três evangelistas – Mateus, Marcos e Lucas – relatam em seus Evangelhos esse estado glorioso em que Jesus Cristo apareceu aos três discípulos; todavia, Lucas nos apresenta algumas particularidades sobre o fato, as quais não constam nos outros Evangelhos. Vale a pena deter-nos.
Somente Lucas especifica a razão pela qual o Senhor subiu ao monte: lá foi para orar. Jesus, muitas e muitas vezes, dedicava horas, grandes momentos – por vezes uma noite inteira – para estar em intimidade com o Pai. O Filho de Deus saía da planície do cotidiano da vida, muitas e muitas vezes, para subir à montanha, ou seja, sabia desde sempre que esse é o grande lugar da manifestação de Deus. Ali se dirigia para viver e conviver com o Pai.
Nosso Senhor Jesus Cristo, desde o início de Sua vida entre os homens, assumindo a humanidade toda e toda a humanidade, nunca soube totalmente com clareza a Sua missão; conforme ia crescendo, se desenvolvendo e desenvolvendo a missão que Deus Pai lhe confiara, Ele ia percebendo e tomando consciência do plano do Pai em Sua vida e por intermédio da Sua vida, ou seja, salvar a humanidade.
Durante a oração, transformou-se o rosto de Jesus; de modo diverso aos outros evangelistas, Lucas não fala da transfiguração, mas do rosto transformado. Cristo Jesus é o novo Moisés; Moisés prefigurou Jesus. Jesus, como Moisés, em contato e comunhão com Deus – com o Pai – sente seu rosto tornar-se brilhante pelo fato de estar com o Pai. Quando estamos em Deus e com Deus, numa profunda intimidade com Ele, tudo começa a se tornar brilhoso em nós; nosso rosto, nosso corpo começam a resplandecer a luz que vem do alto; mas o que mais resplandece é o testemunho de vida, que ilumina a vida dos outros.
Para dizer: você anda resplandecendo o amor de Deus por onde você anda? Ou melhor, você costuma sair da planície, a exemplo de Jesus, para se encontrar com o Pai, subindo a montanha? Subir a montanha significa mergulhar a vida em Deus. Rasgar as vestes (coração).
Cada encontro autêntico com Deus deixa marcas visíveis em nosso rosto, em nosso ser. A luz no rosto de Jesus indica que, durante a oração, Ele compreendeu e fez Seu o projeto do Pai; entendeu que Seu sacrifício não estaria concluído na derrota, mas na ressurreição.
Lucas também ressalta que enquanto Jesus trata de realidades relacionadas com a Sua Paixão e Morte, os três apóstolos encontram-se sonolentos, dormindo; da mesma forma aconteceu no Horto da Oliveiras. O sono dos apóstolos significa que eles não estão entendendo o que acontece com Jesus. Quando Cristo realiza milagres, prodígios e curas, eles encontram-se bem acordados; agora, quando o assunto é a vontade do Pai, mesmo que custe a própria vida, uma sonolência toma conta dos apóstolos.
Da mesma forma somos nós. Como estamos bem espertos, acordados, bem atentos, quando queremos as graças de Deus, os milagres, as curas; todavia, quando o Altíssimo nos quer dar e confiar a vontade d’Ele na nossa vida, principalmente quando isso envolve esforço, renúncia, sacrifício e a própria vida, logo apoderam-se de nós uma sonolência, um cansaço, uma fadiga.
Subamos a montanha para que nosso rosto, nossa vida, nossas atitudes mudem; o coração é nosso, mas o rosto e vida são dos e para os outros.
Padre Pacheco
Comunidade Canção Nova
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